domingo, 1 de maio de 2011

Ficha de trabalho

Este trabalho destina-se aos alunos com Plano de recuperação e deve ser entregue numa folha A4, à parte, com identificação do aluno.

Seguidamente, a ficha será resolvida numa das aulas de oficina.

NOTA: Eu só quero mesmo as respostas.

Turma B - até 6 de maio de 2011, na aula de oficina, 12:00


Turma D - até 9 de maio, na aula de oficina, 9:15


Turma F - até 6 de maio na aula normal das 10:20


TEXTO

Palmas, gritos.
Desesperado, tornou a escarvar o chão, agora com as patas e com os galhos. O homem! Mas o inimigo não desistia. Talvez para exaltar a própria vaidade aparentava dar-lhe mais oportunidades. Lá vinha todo empertigado, a apontar dois pequenos paus coloridos, e a gritar como há pouco.
-Eh! toiro! Eh! boi!
Sem lhe dar tempo, com quanta alma pôde, lançou-se-lhe à figura, disposto a tudo. Não trouxesse ele o pano mágico, e veríamos!
Não trazia. E, por isso, quando se encontraram e o outro lhe pregou no cachaço, fundas, dolorosas as duas farpas que erguia nas mãos, tinha-lhe o corno direito enterrado na fundura da barriga mole.
Gritos e relâmpagos escarlates de todos os lados.
Passada a bruma que se lhe fez nos olhos, relanceou a vista pela plateia. Então?!
Como não recebeu qualquer resposta, desceu solitário à consciência do seu martírio. Lá levavam o moribundo em braços, e lá saltava na arena outro farsante dourado.
Esperou. Se vinha sem a capa enfeitiçada, sem o diabólico farrapo que o cegava e lhe perturbava o entendimento, morria.
Mas o outro estava escudado.
Apesar disso, avançou. Avançou e bateu, como sempre, em algodão. Voltou à carga.
O corpo fino do toureiro, porém, fugia-lhe por artes infernais.
Protestos da assistência.
Avançou de novo. Os olhos já lhe doíam e a cabeça já lhe andava à roda.
Humilhado, com o sangue a ferver-lhe nas veias, escarvou a areia mais uma vez, urinou e roncou, num sofrimento sem limites. Míura, joguete nas mãos de um Zé-Ninguém!
Num ímpeto, sem dar tempo ao inimigo, caiu sobre ele. Mas quê! Como um gamo, o miserável saltava a vedação.
Desesperado, espetou os chifres na tábua dura, em direcção à barriga do fugitivo, que arquejava ainda do outro lado. Sangue e suor corriam-lhe pelo lombo abaixo.
Ouviu uma voz que o chamava. Quem seria? Voltou-se. Mas era um novo palhaço, que trazia também a nuvem, agora pequena e triangular.
Mesmo assim, quase sem tino e a saber que era em vão que avançava, avançou. Deu, como sempre, na miragem enganadora. Renovou a investida. Iludido, outra vez.
Parou. Mas não acabaria aquele martírio? Não haveria remédio para semelhante mortificação? Num último esforço, avançou quatro vezes. Nada. Apenas palmas ao actor.
Quando? Quando chegaria o fim de semelhante tormento?
Subitamente, o adversário estendeu-lhe diante dos olhos congestionados o brilho frio de um estoque. Quê?! Pois poderia morrer ali no próprio sítio da sua humilhação?! Os homens tinham dessas generosidades?! Calada, a lâmina oferecia-se inteira.
Calmamente, num domínio perfeito de si, Miura fitou-a bem. Depois, numa arremetida que parecia ainda de luta e era de submissão, entregou o pescoço vencido ao alívio daquele gume.


Miguel Torga, in Bichos




I - Interpretação - Responde com frases completas.


1. Identifica, no texto, o protagonista da acção, na perspectiva do narrador.
1.1 Caracteriza a personagem principal.
1.2 Refere:
a) o oponente da personagem principal.
b) a personagem colectiva.

2. Classifica o narrador e identifica as marcas da sua subjectividade.

3. Refere o espaço físico e social da acção.

4. Transcreve, do texto, uma expressão que revela o tempo psicológico.

5. Selecciona uma metáfora e uma ironia, explicitando o seu valor expressivo.

6. O trecho termina de forma trágica. Fundamenta a afirmação.

7. Esclarece o ponto de vista crítico do narrador face ao episódio narrado.

8 - Comentário/opinião

O texto que acabaste de ler trata de toiros, homens e touradas. Com base no texto e nas tuas pesquisas, escreve um texto de opinião, entre 70 e 120 palavras,sobre essa tradição peninsular.Apresenta pelo menos um argumento a favor e outro contra essa festividade.


II - Gramática

1 - Faz corresponder os elementos de A com as alíneas de B. Só uma está correcta:

Coluna A
a) «agora»
b) «Mas»
c) «Eh»
d) «Como não recebeu qualquer resposta»
e) «voz»

Coluna B
1. Oração subordinada causal
2. Palavra homógrafa de vós
3. Palavra homófona de vós
4. Advérbio de tempo
5. Expressão temporal
6. Oração subordinada comparativa
7. Interjeição
8. Conjunção adversativa ou conector contrastivo

2 - Dá os sinónimos de:

"galhos", "empertigado", "escarlates", "estoque","gume".

3 - Dá atenção à seguinte frase: "Passada a bruma que se lhe fez nos olhos, relanceou a vista pela plateia."
3.1 - Divide as orações.

3.2 - Classifica a oração: "que se lhe fez nos olhos".

3.3 - Indica a classe a subclasse de "lhe".

3.4 - Identifica o antecedente de "lhe".

3.5 - Identifica o processo de formação da palavra "relanceou".


III - Composição


Num texto narrativo, com cento e cinquenta a duzentas palavras, conta a história real ou fictícia sobre um animal que aprecies. Deves apresentar a caracterização de, pelo menos, uma personagem e a descrição de um lugar.

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