quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Proposta de correção

ESCOLA SEC. PROF. JOSÉ AUGUSTO LUCAS
Prova escrita de Português – 11º ano V - 2
Fevereiro 2012

Lê atentamente o excerto de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett.

Madalena (enxuga os olhos e toma uma atitude grave e firme) — Levantai-vos, Telmo, e ouvi-me. (Telmo levanta-se.) Ouvi-me com atenção. É a primeira vez e será a última vez que vos falo deste modo e em tal assunto. — Vós fostes o aio e o amigo de meu senhor… de meu primeiro marido, o senhor D. João de Portugal; tínheis sido o companheiro de trabalhos e de glória de seu ilustre pai, aquele nobre conde de Vimioso, que eu de tamanhinha me acostumei a reverenciar como pai. Entrei depois nesta família de tanto respeito; achei-vos parte dela, e quase que vos tomei a mesma amizade que aos outros… chegastes a alcançar um poder no meu espírito, quase maior… — decerto maior — que nenhum deles. O que sabeis da vida e do mundo, o que tendes adquirido na conversação dos homens e dos livros — porém, mais que tudo, o que de vosso coração fui vendo e admirando cada vez mais — me fizeram ter-vos numa conta, deixar-vos tomar, entregar-vos eu mesma tal autoridade nesta casa e sobre minha pessoa… que outros poderão estranhar…
Telmo — Emendai-o, senhora.
Madalena — Não, Telmo, não preciso nem quero emendá-lo. — Mas agora deixai-me falar. Depois que fiquei só, depois daquela funesta jornada de África que me deixou viúva, órfã e sem ninguém… sem ninguém, e numa idade… com dezassete anos! — em vós, Telmo, em vós só, achei o carinho e proteção, o amparo que eu precisava. Ficastes-me em lugar de pai; e eu… salvo numa coisa! — tenho sido para vós, tenho-vos obedecido como filha.
Telmo — Oh, minha senhora, minha senhora! mas essa coisa em que vos apartastes dos meus conselhos…
Madalena — Para essa houve poder maior que as minhas forças… D. João ficou naquela batalha com seu pai, com a flor da nossa gente. (Sinal de impaciência em Telmo.) Sabeis como chorei a sua perda, como respeitei a sua memória, como durante sete anos, incrédula a tantas provas e testemunhos da sua morte, o fiz procurar por essas costas de Berberia, por todas as sejanas de Fez e Marrocos, por todos quantos aduares de Alarves aí houve… Cabedais e valimentos, tudo se empregou; gastaram-se grossas quantias; os embaixadores de Portugal e Castela tiveram ordens apertadas de o buscar por toda a parte; aos padres da Redenção, a quanto religioso ou mercador podia penetrar naquelas terras, a todos se encomendava o seguir a pista do mais leve indício que pudesse desmentir, pôr em dúvida ao menos, aquela notícia que logo viera com as primeiras novas da batalha de Alcácer. Tudo foi inútil; e a ninguém mais ficou resto de dúvida…
Telmo — Senão a mim.
Madalena – Dúvida de fiel servidor, esperança de leal amigo, meu bom Telmo, que diz com vosso coração, mas que tem atormentado o meu…Pois dizei-me em consciência, dizei-me de uma vez claro e desenganado: a que se apega esta vossa credulidade de sete…. e hoje mais catorze … vinte e um anos?
Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa





Grupo I
São apresentados os números das questões das duas versões. Sigo a versão 2, quer dizer que a questão 1 corresponde à dois na versão 1 e assim sucessivamente.
As respostas foram elaboradas a partir das dadas por alguns alunos suprimindo ou acrescentando elementos.

Responde, por palavras tuas e de forma completa, às questões que se seguem.

1/2. Enquadra este excerto na estrutura interna e externa da obra justificando adequadamente.

Em termos de estrutura externa, o excerto situa-se no ato I e corresponde à exposição do conflito quanto à estrutura interna da peça Frei Luís de Sousa.
O primeiro ato, especialmente as cenas I à IV é dominado por frequentes alusões ao passado evocado por Telmo que esmaga os pensamentos de Madalena. Também se apresentam as personagens e fornecem-se informações acerca do relacionamento entre elas, história da família e o tempo da ação.
Esse tempo de memória é relevante para o desencadear do conflito entre o passado mal resolvido e incógnito, por isso sempre presente nos vários momentos críticos da ação, como no início do 2º ato, e um presente que, parecendo consolidado, em termos de felicidade, depende muito do que aconteceu ou não a D. João de Portugal na batalha de Alcácer-Quibir.

2/5. A partir do conhecimento da peça, caracteriza Telmo indicando e justificando três traços fundamentais.

Telmo Pais é uma das personagens centrais da ação de Frei Luís de Sousa. Ao longo da ação podemos verificar traços da sua personalidade, tais como: lealdade e fidelidade à família que serviu e à que continua a servir apesar das dúvidas iniciais em relação à personagem Maria D. Manuel. No excerto em análise, a própria Madalena o intitula de «fiel servidor» e «leal amigo». Essas caraterísticas levam-no a acreditar que o seu amo, D. João de Portugal, ainda poderá estar vivo, a resposta que dá a Madalena «senão mim» é reveladora da sua esperança e cimenta o seu caráter sebastianista.
Outra qualidade é o facto de ser confidente de Maria e Madalena, comentador, conselheiro, representando na peça o coro, típico da tragédia clássica.
Por fim um traço também referido por Madalena: a vida deu-lhe sabedoria, por isso é digno de confiança porque o saber vem «da vida e do mundo, o que tendes adquirido na conversação dos homens e dos livros»
OUTRO ASPETO QUE PODIA SER CONSIDERADO
A sua divisão depois de D. João chegar. Este pede-lhe que vá negá-lo, sente-se dividido entre o desejo de o ter presente e a sua negação, perante o facto de saber da situação catastrófica da sua querida o corregelionára de sebastianismo Maria.

3/1. Explica a relação de tensão que se estabelece neste excerto entre Madalena e Telmo.

Neste excerto é evidente a presença de uma forte tensão entre Telmo e Madalena causada por terem diferentes pontos de vista relativamente à morte de D. João de Portugal e ao novo casamento de Madalena.
Madalena acredita que D. João ficou naquela funesta batalha de Alcácer, «D. João ficou naquela batalha com seu pai, com a flor da nossa gente», além disso justifica-se afirmando que tudo fez para se certificar disso «durante sete anos (…) o fiz procurar por essas costas de Berberia».
HÁ OUTRAS CITAÇÕES QUE CONTRIBUIRIAM PARA JUSTIFICAR A POSIÇÃO DE MADALENA como e «a ninguém mais ficou resto de dúvida». Ao usar o quantificador universal «ninguém», tenta justificar-se com a opinião da maioria, tentando demonstrar a Telmo que está na pequena minoria de crentes.
Telmo sempre duvidou e essa incerteza ainda permanece no seu espírito, porque ele responde à certeza geral formulada por Madalena «Senão a mim».


4/3. Neste excerto, Madalena parece querer justificar-se. De que se justifica ela e porquê?

O excerto corresponde, de facto, à justificação do casamento de Madalena com Manuel de Sousa Coutinho, depois de aceitar a morte do seu primeiro marido.
Depois de enumerar as virtudes da família de D. João, justifica a admiração que tem por Telmo «o que do vosso coração fui vendo e admirando cada vez mais – me fizeram ter-vos em conta».
Seguidamente justifica a dor da viuvez ainda tão jovem e, não se conformando, em sinal de amor por D. João, aplicou dinheiro, fez diligências diplomáticas, procurou por toda a parte, esperando durante sete anos e tudo foi em vão «Tudo foi inútil»
Por fim, outra questão que importa referir é o facto de estar assim definido pelo destino, atendendo às palavras de Madalena quando responde à acusação de Telmo que se havia apartado dos seus conselhos: «para essa (coisa) houve poder maior que as minhas forças». Essa “coisa” com maior poder foi o amor.


5/4. Madalena ao justificar-se evidencia um discurso carregado de emoções. Refere, dando exemplos, as marcas que conferem essa propriedade.

As falas de Madalena revelam emoções e existem várias marcas discursivas que lhe conferem essa caraterística/propriedade. Dessas marcas podemos referir três. Duas delas são relativas à pontuação e aos tipos de frase, a outra, quanto à linguagem marcada por processos retóricos.
Relativamente à pontuação, verificamos que há o predomínio de frases inacabadas, marcadas pelo uso abundante de reticências «…tal autoridade nesta casa e sobre minha pessoa … que outros poderão estranhar …» e «esta vossa credulidade de sete … e hoje mais catorze … vinte e um?» Outro recurso de pontuação que marca a sentimentalidade do discurso é o uso da exclamação. A frase pretende aproximar o que é dito da emoção que se quer transmitir, de modo a convencer o interlocutor pela comoção, como por exemplo «sem ninguém, e numa idade … com dezassete anos!» e «salvo numa coisa!»
PODIAM REFERIR A FRASE IMPERATIVA, INTERROGATIVA
Quanto aos processos estilísticos, o texto é rico em repetições, muito próximo do discurso argumentativo, pois Madalena quer que Telmo acredite na convicção dela. Por isso recorre à anáfora COMO PROCESSO ENFÁTICO: «sabes como chorei a sua perda, como respeitei a sua memória, como durante sete anos ..».
PODEM REFERIR-SE A APÓSTROFE, A ADJETIVAÇÃO, DANDO SEMPRE OS EXEMPLOS ADEQUADOS
Os alunos que apenas transcrevem exemplos têm entre 4 e 6 pontos, em 20, portanto convém explicar.


6 - Tendo em conta a leitura e o estudo de “Frei Luís de Sousa” comenta a seguinte afirmação, elaborando um texto entre 80 e 160 palavras, referindo, pelo menos, três indícios e a reação de duas personagens.

Ao longo de todo o texto podemos encontrar indícios ou presságios de um final trágico ao qual as personagens reagem de modos diferentes.


Ao longo do drama, somos conduzidos pelo texto para aspetos que irão condicionar o desenrolar da ação. Normalmente a esses sinais damos o nome de indícios. No caso desta ação, tratando-se de um drama também se costumam designar por presságios, ou seja um facto associado a uma ação funesta e trágica.
O primeiro ato inicia-se com a alusão ao episódio de Inês de Castro e decorre da leitura de Os Lusíadas transportando o leitor ou espetador para a crueldade do destino daquele trágico amor que nos permite estabelecer uma analogia entre Madalena e Inês.
Em segundo lugar, outro elemento perturbador, que condiciona fortemente a ação, é a mudança para o palácio de D. João, após o ato heróico, mas de desafio, de Manuel. Este novo espaço irá contribuir para adensar a memória psicológica de Madalena e confrontar-se com o passado indesejável.
Finalmente outro facto carregado de simbologia é a questão da coincidência de datas, dias e numerologia. Tudo se passa às sextas-feiras, sete anos depois da batalha, catorze de casamento, treze anos de Maria.

OUTROS EXEMPLOS: AS FLORES MURCHAM, FRAGILIDADE DE MARIA, O RETRATO DE MANUEL A ARDER, O FECHAMENTO DO ESPAÇO
A reação das personagens à catástrofe não foi uniforme. Manuel aceita a resolução de se tornar frade sem qualquer contestação, depois de falar calmamente com o irmão frei Jorge. Maria não aceita o destino. Como ser único acha que nada tem a ver com o passado e que a sociedade e a religião se condenam a sua condição de fruto do pecado deverão questionados. Ela faz isso num discurso apaixonado. Todavia morre.
OUTRAS REAÇÕES: D. JOÃO QUER VOLTAR ATRÁS, POR EXEMPLO E PEDE A TELMO QUE VÁ DIZER QUE ERA APENAS UM IMPOSTOR

Grupo II

1 - Faz corresponder cada momento ao respetivo ato, associando o número e a letra correspondente.
1 - D. João existe apenas no domínio psicológico das personagens
2 - D. João torna-se visível no retrato.
3 - D. João chega na forma de Romeiro
4 - Embora não esteja presente, é D. João que provoca a catástrofe

A – 1º ato B – 3º ato C – Final do 2º ato D – Início do 2º ato

1 – A; 2 – D; 3 – C; 4 - D

2
Verdadeiras – C, H, I Falsas - A, B, D, E, F


3
Corretas: A, B, C

4
Corretas: C e G

terça-feira, 14 de junho de 2011

Aulas suplementares

Calendário das aulas abertas para tirar dúvidas.

As aulas destinam-se a realizar fichas de trabalho para preparação do exame, por isso só deverá comparecer quem quer mesmo aproveitar. Quem quer continuar a brincadeira pode ficar na sua vidinha.

Calendário:

Dia 15/06/2011 - 11:00 às 12:30

Dia 16/06/2011 - 9:00 às 10:30

Dia 17/06/2011 - 13:30 às 15:00




ATENÇÃO

TRAZER O CADERNO DE ACTIVIDADES

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Matéria para a prova de avaliação

9º B 30/05/2011

9º D 30/05/2011

9º F 3/06/2011



Esta segunda parte da prova tem:

1 - um grupo de leitura interpretação de texto narrativo

2 - um grupo com exercícios de gramática (funcionamento da língua)

1 - Do Manual estudar:

Ficha das páginas 32/33 - A narrativa

Ficha páginas 238/239 Figuras de estilo

Vejam a ficha de autoavaliação da página 76

2 Gramática

Estudar do Caderno de actividades

Registos de língua - Pag. 3

O Verbo - Pag. 15 a 18

Voz activa/passiva - Pag. 18

Conjugação pronominal - Pag. 19

Conjunções - Pag. 23

A subordinação (ver ficha neste blogue)

Orações subordinadas adverbiais: causais, temporais, finais e concessivas

Orações subordinadas adjectivas:

Relativas restritivas
Relativas explicativas

Funções sintácticas - Pag. 25 a 28

Discurso directo/indirecto - Pag. 31

sábado, 14 de maio de 2011

Ficha de trabalho

Este trabalho destina-se aos alunos com PLANO DE RECUPERAÇÃO

Deve ser entregue:

Turma 9ºB até dia 23 de Maio

Turma 9ºD até dia 23 de Maio

Turma 9ºF até dia 24 de Maio


Lê o seguinte texto de Miguel Torga, com a tenção, e responde assinalando em cada pergunta a alínea correcta, segundo o sentido do texto.


O Charlatão

O sítio deles era à entrada da ponte, no Largo Velho.
- Ora aqui temos nós a última descoberta científica do século!
Falava de cima de uma cadeira, em pé, ao lado de uma mesa, sobre a qual estava um grande baú aberto. Passeava-lhe um rato branco pêlos ombros, e era impossível fugir à magia daquela enorme cabeleira, que lhe coroava uma bela fronte de lutador. Só vinha na feira dos vinte e três. Armava a tenda logo pela manhã, e daí a nada já tinha freguesia a beber-lhe as palavras. A sua voz era sugestiva, funda, com quantos tons eram precisos para encantar homens de todas as terras e de todas as raças.
- Façam favor de ver...
E só quem era cego é que não via.
- Vou agora contar-lhes uma anedota.
Os que já faziam parte da roda arrebitavam as orelhas, os que iam no seu caminho paravam e ficavam maravilhados a ouvir. No fim, todos se riam, que a coisa tinha, na verdade, graça.
- Vou agora mostrar a V. Exas. a autêntica víbora da felicidade!
"Excelências"?! Estava a brincar, ou a falar a sério? Mas ao fim e ao cabo, quem é que não gosta, uma vez na vida, de ser tratado por "excelência"? E um, de Almalaguês, perdeu a cabeça e lá comprou aquele "talismã da felicidade" por cinco escudos.
- Bem burro! - não se conteve uma criada. Mas estava era com pena de o não ter comprado ela.
Já nova maravilha saía das profundezas do baú.
- Sarna, eczema, impigens, lepra, furúnculos, tudo quanto uma pele humana possa conceber, é enquanto o demónio esfrega um olho! Vejam: pega-se na ulceração, um bocadinho de pomada em cima, ao de leve e pouco, que é para poupar, e não se pensa mais nisso! Cinco tostões apenas! Só a caixa vale quinze! Aproveitem, que numa drogaria custa-lhes dois escudos!

Miguel Torga, Rua (texto com supressões)




1. A palavra charlatão, aplicada a certo tipo de indivíduos, significa que eles:

a) procuram convencer o público, exagerando a qualidade dos seus produtos.
b) andam pelas feiras para divertir o público.
c) entusiasmam o público pelos profundos conhecimentos que revelam.
d) actuam junto do público para o ensinar a falar bem.


2. Pela leitura do primeiro parágrafo do texto, podemos concluir que o charlatão:

a) fazia grande negócio junto da ponte.
b) gostava de passear junto da ponte.
c) se estabelecia sempre à entrada da ponte.
d) possuía um terreno situado junto da ponte.


3. Ao anunciar a "última descoberta científica do século", o charlatão referia-se a:

a) um artigo que tinha para vender.
b) uma última invenção de um cientista.
c) uma descoberta científica do último século.
d) um medicamento raro e inédito.


4. O sinal de pontuação que remata o 2º parágrafo tem a função de:

a) marcar o tom exclamativo da frase.
b) deixar a afirmação em suspenso.
c) exprimir a admiração do charlatão pêlos fregueses.
d) conferir ironia à frase.


5. O charlatão estava em cima de uma cadeira. Tinha saltado para lá:

a) para melhor abranger o seu auditório.
b) porque queria parecer mais alto.
c) com medo de um rato que lhe saltou para os ombros.
d) a fim de melhor observar e ter acesso ao conteúdo do baú.


6. O rato branco que passeava sobre os ombros do charlatão destinava-se a:

a) atrair a atenção dos clientes.
b) ser cobaia de experiências com os produtos vendidos.
c) divertir o charlatão.
d) ser vendido.


7. Pela leitura das linhas 4 e 5 do texto, ficamos a saber que o charlatão usava uma longa cabeleira. Esta despertava nos clientes:

a) uma certa repugnância. c) um irresistível interesse.
b) um grande terror. d) vontade de rir.


8. Falando do charlatão, o narrador refere-se à sua "bela fronte de lutador". Este traço fisionómico dá-nos a entender que o charlatão tinha um ar de:

a) homem desiludido. c) homem orgulhoso.
b) homem cansado de lutar. d) homem enérgico e decidido.


9. Na linha 5, ficamos a saber que o charlatão só vinha "na feira dos vinte e três". Isso significa que o charlatão à feira:

a) de 23 em 23 anos. b) que se realizava no dia 23 de cada mês.

c) que se realizava de 23 em 23 semanas. d) que se realizava de 23 em 23 dias


10. Mal armava a tenda, o charlatão "já tinha a freguesia a beber-lhe as palavras...". Entende-se que os fregueses:

a) estavam cheios de sede. b) estavam desejosos de tomar os remédios anunciados.

c) eram convidados a beber alguma coisa. d) o ouviam com atenção e avidez.


11. Ao ouvirem a anedota que o charlatão contava, "... os que já faziam parte da roda arrebitavam as orelhas ..." (linha 12). A expressão sublinhada significa que as pessoas:

a) tapavam os ouvidos, porque ele falava muito alto.
b) punham as mãos em concha nas orelhas, para melhor o ouvirem.
c) prestavam muita atenção à anedota.
d) não davam ouvidos às suas palavras.


12. Os fregueses interessavam-se pelo que dizia o charlatão, porque:

a) queriam aprender com ele a tratar doenças graves.
b) ele curava todas as doenças.
c) ele respondia a todas as perguntas.
d) o seu discurso era sedutor.


13. Ao dizer "Os que já faziam parte da roda...", o narrador dá-nos a entender que os clientes estavam:

a) amontoados à frente do charlatão.
b) à volta do charlatão.
c) espalhados pelo espaço circular da feira.
d) à volta da feira.


14. O charlatão tratava os seus clientes por "Excelências", porque:

a) era esse o tratamento habitual naquela terra.
b) tinha interesse em mostrar-se simpático e cortês.
c) os considerava pessoas muito importantes.
d) queria troçar deles.


15. As pessoas, ao ouvirem tal forma de tratamento, sentiam-se:

a) ofendidas. c) irritadas.
b) envergonhadas. d) lisonjeadas.


16. Um dos fregueses "perdeu a cabeça". Por esta expressão, podemos concluir que esse freguês:

a) se entusiasmou e comprou o produto.
b) se irritou e não comprou o produto.
c) perdeu os sentidos.
d) ficou surpreendido.


17. A criada que estava ao lado, ao vê-lo comprar "o talismã da felicidade", exclamou: "Bem bur-ro!" A intenção dela era:

a) fazer com que o freguês não comprasse o produto.
b) chamar "burro" ao charlatão.
c) desdenhar querendo comprar.
d) mostrar que não acreditava na felicidade.


18. Quando utilizou a expressão "enquanto o demónio esfrega um olho!", o charlatão referia-se à:

a) rapidez com que se aplicavam os remédios.
b) rapidez com que ele tirava os remédios do baú.
c) rapidez com que os remédios curavam os males.
d) rapidez com que os remédios curavam os olhos.


19. Dizia o charlatão que, "para poupar pomada", se devia aplicar uma leve camada sobre a ferida. Dava este conselho, porque:

a) pretendia aliciar o público e suscitar maior interesse pela compra.
b) tinha pouca pomada para vender.
c) não queria que os fregueses fizessem economias.
d) não queria prejudicar os clientes.


20. Ao comparar os seus preços com os da drogaria, o charlatão pretendia:

a) lembrar que esses produtos se vendiam na drogaria.
b) mostrar que a sua pomada custava tanto como a da drogaria.
c) evidenciar o baixo preço dos seus produtos.
d) fazer má propaganda das drogarias.

domingo, 1 de maio de 2011

Ficha de trabalho

Este trabalho destina-se aos alunos com Plano de recuperação e deve ser entregue numa folha A4, à parte, com identificação do aluno.

Seguidamente, a ficha será resolvida numa das aulas de oficina.

NOTA: Eu só quero mesmo as respostas.

Turma B - até 6 de maio de 2011, na aula de oficina, 12:00


Turma D - até 9 de maio, na aula de oficina, 9:15


Turma F - até 6 de maio na aula normal das 10:20


TEXTO

Palmas, gritos.
Desesperado, tornou a escarvar o chão, agora com as patas e com os galhos. O homem! Mas o inimigo não desistia. Talvez para exaltar a própria vaidade aparentava dar-lhe mais oportunidades. Lá vinha todo empertigado, a apontar dois pequenos paus coloridos, e a gritar como há pouco.
-Eh! toiro! Eh! boi!
Sem lhe dar tempo, com quanta alma pôde, lançou-se-lhe à figura, disposto a tudo. Não trouxesse ele o pano mágico, e veríamos!
Não trazia. E, por isso, quando se encontraram e o outro lhe pregou no cachaço, fundas, dolorosas as duas farpas que erguia nas mãos, tinha-lhe o corno direito enterrado na fundura da barriga mole.
Gritos e relâmpagos escarlates de todos os lados.
Passada a bruma que se lhe fez nos olhos, relanceou a vista pela plateia. Então?!
Como não recebeu qualquer resposta, desceu solitário à consciência do seu martírio. Lá levavam o moribundo em braços, e lá saltava na arena outro farsante dourado.
Esperou. Se vinha sem a capa enfeitiçada, sem o diabólico farrapo que o cegava e lhe perturbava o entendimento, morria.
Mas o outro estava escudado.
Apesar disso, avançou. Avançou e bateu, como sempre, em algodão. Voltou à carga.
O corpo fino do toureiro, porém, fugia-lhe por artes infernais.
Protestos da assistência.
Avançou de novo. Os olhos já lhe doíam e a cabeça já lhe andava à roda.
Humilhado, com o sangue a ferver-lhe nas veias, escarvou a areia mais uma vez, urinou e roncou, num sofrimento sem limites. Míura, joguete nas mãos de um Zé-Ninguém!
Num ímpeto, sem dar tempo ao inimigo, caiu sobre ele. Mas quê! Como um gamo, o miserável saltava a vedação.
Desesperado, espetou os chifres na tábua dura, em direcção à barriga do fugitivo, que arquejava ainda do outro lado. Sangue e suor corriam-lhe pelo lombo abaixo.
Ouviu uma voz que o chamava. Quem seria? Voltou-se. Mas era um novo palhaço, que trazia também a nuvem, agora pequena e triangular.
Mesmo assim, quase sem tino e a saber que era em vão que avançava, avançou. Deu, como sempre, na miragem enganadora. Renovou a investida. Iludido, outra vez.
Parou. Mas não acabaria aquele martírio? Não haveria remédio para semelhante mortificação? Num último esforço, avançou quatro vezes. Nada. Apenas palmas ao actor.
Quando? Quando chegaria o fim de semelhante tormento?
Subitamente, o adversário estendeu-lhe diante dos olhos congestionados o brilho frio de um estoque. Quê?! Pois poderia morrer ali no próprio sítio da sua humilhação?! Os homens tinham dessas generosidades?! Calada, a lâmina oferecia-se inteira.
Calmamente, num domínio perfeito de si, Miura fitou-a bem. Depois, numa arremetida que parecia ainda de luta e era de submissão, entregou o pescoço vencido ao alívio daquele gume.


Miguel Torga, in Bichos




I - Interpretação - Responde com frases completas.


1. Identifica, no texto, o protagonista da acção, na perspectiva do narrador.
1.1 Caracteriza a personagem principal.
1.2 Refere:
a) o oponente da personagem principal.
b) a personagem colectiva.

2. Classifica o narrador e identifica as marcas da sua subjectividade.

3. Refere o espaço físico e social da acção.

4. Transcreve, do texto, uma expressão que revela o tempo psicológico.

5. Selecciona uma metáfora e uma ironia, explicitando o seu valor expressivo.

6. O trecho termina de forma trágica. Fundamenta a afirmação.

7. Esclarece o ponto de vista crítico do narrador face ao episódio narrado.

8 - Comentário/opinião

O texto que acabaste de ler trata de toiros, homens e touradas. Com base no texto e nas tuas pesquisas, escreve um texto de opinião, entre 70 e 120 palavras,sobre essa tradição peninsular.Apresenta pelo menos um argumento a favor e outro contra essa festividade.


II - Gramática

1 - Faz corresponder os elementos de A com as alíneas de B. Só uma está correcta:

Coluna A
a) «agora»
b) «Mas»
c) «Eh»
d) «Como não recebeu qualquer resposta»
e) «voz»

Coluna B
1. Oração subordinada causal
2. Palavra homógrafa de vós
3. Palavra homófona de vós
4. Advérbio de tempo
5. Expressão temporal
6. Oração subordinada comparativa
7. Interjeição
8. Conjunção adversativa ou conector contrastivo

2 - Dá os sinónimos de:

"galhos", "empertigado", "escarlates", "estoque","gume".

3 - Dá atenção à seguinte frase: "Passada a bruma que se lhe fez nos olhos, relanceou a vista pela plateia."
3.1 - Divide as orações.

3.2 - Classifica a oração: "que se lhe fez nos olhos".

3.3 - Indica a classe a subclasse de "lhe".

3.4 - Identifica o antecedente de "lhe".

3.5 - Identifica o processo de formação da palavra "relanceou".


III - Composição


Num texto narrativo, com cento e cinquenta a duzentas palavras, conta a história real ou fictícia sobre um animal que aprecies. Deves apresentar a caracterização de, pelo menos, uma personagem e a descrição de um lugar.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

FICHA DE LEITURA

Ficha de Leitura
Nome da autora: Maria Teresa Maia Gonzalez

Título: A Lua De Joana

Editor: Editorial Verbo, 1ª edição.

Local e data: Lisboa, Outubro de 1994.

Informações sobre a autora:
Maria Teresa Maia Gonzalez nasceu em Coimbra, em 1958. É uma das mais prestigiadas autoras portuguesas de livros dedicados a crianças e jovens adolescentes. É licenciada em Línguas e Literaturas modernas, variante de Estudos Franceses e Ingleses, pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, foi professora de Língua Portuguesa de 1982 a 1997 e os seus livros têm particularidade de reflectirem assuntos relacionados com a juventude e os seus problemas revelam uma grande sensibilidade e actualidade em relação aos mesmos. A Lua de Joana, o seu maior sucesso editorial, conta já com 17 edições e 250 000 exemplares vendidos. Outras obras da autora: A Fonte Dos Segredos, Gaspar & Mariana, O Guarda Da Praia.

Resumo:
Este livro pode ser considerado uma espécie de diário (apesar de não o ser), porque a personagem principal escreve cartas para uma amiga que já morreu, contando-lhe tudo o que se passa na vida dela. Trata-se de uma história de uma rapariga chamada Joana, que perdeu a sua melhor amiga, quando esta se envolveu com as drogas. Joana interrogava-se ao tentar entender o que teria levado a sua amiga Marta a fazer aquilo. Joana era uma rapariga exemplar, na escola e em casa, mas tudo mudou quando ela se envolveu com uma amiga da Marta, a Rita, (a amiga que teria levado Marta a envolver-se com as drogas), e com o próprio irmão da Marta, o Diogo, também vítima das drogas. Devido à morte da sua avó, a pessoa de quem ela mais gostava no mundo e a falta de atenção e de diálogo por parte dos pais, levou a que ela se começa-se a sentir só e as únicas pessoas que, lhe derem atenção, foram a Rita e o Diogo. Ela começou a vender as suas coisas, para conseguir dinheiro, para ajudar Diogo acabando também ela por se envolver com as drogas. Um dia ela olhou-se ao espelho e reparou como tinha mudado, entendendo agora, como, tão facilmente Marta se tinha envolvido com a droga. Joana tentou abandonar as drogas mas, já foi tarde de mais…

Citações:
“ Então, num momento completamente louco, desvairada, passei-me da cabeça e pedi-lhe para experimentar um bocado, só para ver que efeito aquilo tinha.” (página 140) “Vou parar de escrever. Dói-me a mão, dói-me o corpo, dói-me o pensamento. Dói-me a coragem que não tenho.” (página 143) “ …o ano passado, nunca imaginei que fosse tão fácil uma pessoa passar-se para o lado de lá, o lado para onde tu passaste, o lado que eu sabia que era ERRADO!” (página 152)

Comentário:
É um livro em que é interessante ler a vida desta personagem, como ela se transforma ao longo dos dias e dos anos. Também é salientado a importância do diálogo entre os filhos e os pais, pois a falta de diálogo, é muitas vezes a razão que leva os filhos a procurarem outros caminhos, que neste caso é a droga. Este livro mostra a realidade dos dias de hoje: o grande problema que a droga é para todos – para a família, para os amigos e para a própria pessoa que comete esse erro.

Aconselho o livro porque .....

Teste 9º Ano

ESCOLA SEC. PROF. JOSÉ AUGUSTO LUCAS


Prova escrita de Língua portuguesa – 9º Ano


I - Leitura/Interpretação (50 pontos - 34 texto literário+16 texto informativo já feito)



Lê o excerto que se segue, extraído do conto A Aia, e responde às questões formuladas.


Ora uma noite, noite de silêncio e de escuridão, indo ela a adormecer, já despida, no seu catre, entre os seus dois meninos, adivinhou, mais que sentiu, um curto rumor de ferro e de briga, longe, à entrada dos vergéis reais. Embrulhada à pressa num pano, atirando os cabelos para trás, escutou ansiosamente. Na terra areada, entre os jasmineiros, corriam passos pesados e rudes. Depois houve um gemido, um corpo tombando molemente, sobre lajes, como um fardo. Descerrou violentamente a cortina. E além, ao fundo da galeria, avistou homens, um clarão de lanternas, brilhos de armas...Num relance tudo compreendeu: o palácio surpreendido, o bastardo cruel vindo roubar, matar o seu príncipe! Então, rapidamente, sem uma vacilação, uma dúvida, arrebatou o príncipe do seu berço de marfim, atirou-o para o pobre berço de verga, e, tirando o seu filho do berço servil, entre beijos desesperados, deitou-o no berço real que cobriu com um brocado. Bruscamente um homem enorme, de face flamejante, com um manto negro sobre a cota de malha, surgiu à porta da câmara, entre outros, que erguiam lanternas. Olhou, correu o berço de marfim onde os brocados luziam, arrancou a criança como se arranca uma bolsa de oiro, e, abafando os seus gritos no manto, abalou furiosamente. O príncipe dormia no seu novo berço. A ama ficara imóvel no silêncio e na treva. Mas brados de alarme atroaram, de repente, o palácio. Pelas janelas perpassou o longo flamejar das tochas. Os pátios ressoavam com o bater das armas. E desgrenhada, quase nua, a rainha invadiu a câmara, entre as aias, gritando pelo seu filho! Ao avistar o berço de marfim, com as roupas desmanchadas, vazio, caiu sobre as lajes num choro, despedaçada. Então, calada, muito lenta, muito pálida, a ama descobriu o pobre berço de verga...O príncipe lá estava quieto, adormecido, num sonho que o fazia sorrir, lhe iluminava toda a face entre os seus cabelos de oiro. A mãe caiu sobre o berço, com um suspiro, como cai um corpo morto. E nesse instante um novo clamor abalou a galeria de mármore. Era o capitão das guardas, a sua gente fiel. Nos seus clamores havia, porém, mais tristeza que triunfo. O bastardo morrera! Colhido, ao fugir, entre o palácio e a cidadela, esmagado pela forte legião de archeiros, sucumbira, ele e vinte da sua horda. O seu corpo lá ficara, com flechas no flanco, numa poça de sangue. Mas, ai! dor sem nome! O corpozinho tenro do príncipe lá ficara também envolto num manto, já frio, roxo ainda das mãos ferozes que o tinham esganado! Assim tumultuosamente lançavam a nova cruel os homens de armas, quando a rainha, deslumbrada, com lágrimas entre risos, ergueu nos braços, para lho mostrar, o príncipe que despertara. (….) Agarrara o punhal, e com ele apertado fortemente na mão, apontando para o céu, onde subiam os primeiros raios do Sol, encarou a rainha, a multidão, e gritou: – Salvei o meu príncipe, e agora... vou dar de mamar ao meu filho. E cravou o punhal no coração.

Eça de Queirós,” A Aia”


1 – Com base nos elementos do texto, refere o tempo e o espaço da acção.


1.1 – Transcreve duas expressões que denunciam a passagem do tempo.


2 – Identifica duas personagens e informa o seu relevo na acção.


2.1 – Selecciona uma das personagens e caracteriza-a.


3 – Perante a previsão de invasão do palácio, que medidas foram tomadas pela serva?


4 – Caracteriza o narrador do texto e indica as marcas da sua subjectividade.


5 – Faz um comentário, entre 70 e 120 palavras, sobre o desfecho do conto e a atitude da Aia.


II - Gramática (20 pontos)

1 – Dá atenção às seguintes frases e responde às questões que se seguem.


a) Um novo clamor abalou a galeria de mármore.


b) O bastardo morrera durante o assalto ao palácio.


c) A mãe caiu sobre o berço.


d) Então a Aia arrebatou o príncipe do seu berço.


e) Todos ficaram espantados com a atitude da serva.


f) Amanheceu quando o combate estava ganho pelo exército do rei.


g) A coruja piou toda a noite.


1.1 – Transcreve um verbo intransitivo.


1.2 - Transcreve um verbo transitivo


1.3 - Transcreve um verbo copulativo.


1.4 – Transcreve um verbo impessoal.


2 – Dá atenção às seguintes frases.


a) Os habitantes do palácio não sabiam que a Aia tinha tanta coragem, embora a considerassem leal.


b) Os habitantes que defendiam o palácio afincadamente consideraram a Aia uma heroína.


c) A Aia incitava todos os seus conterrâneos para que defendessem o reino com coragem e lealdade.


d) A viúva, mãe e rainha muito desamparada, ficou felicíssima ao saber que o filho estava vivo.


2.1 – Transcreve uma oração subordinada relativa restritiva.


2.2 - Transcreve o complemento directo de sabiam. (frase a).


2.3 – Classifica a oração: “para que defendessem o reino com coragem e lealdade”. (frase c)


2.4 - Indica a função sintáctica de “mãe e rainha desamparada”. (frase d)


2.5 – Dá atenção às seguintes formas verbais. Indica o modo e o tempo em que se encontram.


a) consideraram (frase b)


b) defendessem (frase c)


III – Composição (30 pontos)


Como sabes o conto o Tesouro, que foi lido na biblioteca, é muito peculiar. Os irmãos, depois de encontrarem um tesouro, que o acaso lhes entregou de mão beijada, mataram-se uns aos outros por causa da ganância e egoísmo. Não foram merecedores de tal sorte. Por isso, Eça de Queirós, termina a narrativa com a frase: “O tesouro ainda lá está na mata de Roquelanes”, deixando a narrativa em aberto.


Imagina que vais em expedição à mata de Roquelanes à procura desse tesouro. Escreve essa aventura.


O texto deve ter carácter narrativo com, pelo menos, um momento de descrição de um lugar e a caracterização de duas personagens. A extensão deve situar-se entre as 180 e as 240 palavras.