quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Exercício

GRUPO I
Lê atentamente o texto, que é uma crónica extraída da revista Pública, e responde ao questionário que se segue.

Declaração de Amor
(...)
Cometi uma grave falta moral só possível nos nossos electrónicos tempos. Sofro as consequências. Não sei como reparar o mal, nem a quem pedir perdão. Sinto-me ainda mais isolado na minha solidão.
Foi isto assim. Faz hoje dez dias, antes de adormecer, por volta das duas da manhã, tive a nefasta ideia de verificar se tinha novo correio electrónico. Estava cansado, ligeiramente engripado, confuso com a confusão das coisas do mundo. Entre umas poucas mensagens das quais logo me esqueci, vinha uma declaração de amor. Declaração de amor era mesmo o título da mensagem. Quando a abri e li, percebi que era um texto, que considerei do género poético, que me era enviado por uma pessoa que não vejo há anos, e que, desconheço como, soube do meu endereço electrónico.
A mensagem era bonita, apesar de dois erros ortográficos e um de concordância, mas estranhei que me fosse dirigida. A ausência de traços corporais nas mensagens electrónicas pode ter contribuído para isso. Refiro-me à ausência da caligrafia, do timbre da voz, do cheiro da pele no papel, por exemplo. Uma mensagem electrónica parece ir directamente de uma alma para outra sem necessitar de mais nada, escrita de fantasmas. Quando a li pela segunda vez, fiquei com a nítida, ou confusa, sensação de que não lhe saberia responder, mas que alguma coisa tinha de fazer com ela. Era como um pedaço de fogo que não podia reter nas minhas mãos. Copiei-a mecanicamente, com os vários erros e a sua duvidosa poesia, e mandei-a sem mais para a correspondente favorita.
Antes de carregar no botão send, ainda hesitara, como se adivinhasse a grande asneira que fazia. Mas é tão fácil carregar num simples botão. O que não adivinhava era que as consequências fossem tão graves. No dia seguinte, recebia uma mensagem da minha correspondente favorita, - resposta de uma seriedade só comparável à sua crueldade. Dizia-me, resumidamente, que não admitia que brincasse com ela e pedia-me para não lhe voltar a enviar e-mails. Fiquei destroçado.
Tenho de confessar que fiquei apaixonado pela minha correspondente favorita no preciso instante em que a vira, meses antes, sentada muito direita numa mesa de uma esplanada a olhar o mar. Impressionara-me de maneira definitiva o modo como a beleza dela se misturava com o que interpretei ser uma profunda melancolia. Parecia uma heroína de Dostoievsky. Depois disso nunca mais a vi, porque estamos geograficamente muito afastados por muitas milhas marítimas, se bem que electronicamente tão perto, à distância de segundos. Começámos a correspondermo-nos, primeiro irregularmente, depois todos os dias e mesmo mais do que uma vez por dia.
Eu comecei a gostar dela e creio que ela também começou a gostar de mim. Quando lhe escrevi que lamentava não haver tempo para lhe escrever tudo o que desejava, ela respondeu-me de seguida que uma frase bastava para colorir o dia, para não me preocupar com isso. Ao abrir o meu correio, eu já procurava o seu endereço entre todos os outros e era a mensagem dela, ou que abria primeiro, ou que deixava para o fim. São coisas assim que nos ajudam a avançar nos dias, pequenas coisas que nos retiram por instantes todo o peso do mundo. As mensagens dela tinham espírito, contavam pequenos incidentes, desejavam-me coisas boas. Esperava-as de véspera com uma pequena esperança que me trazia o coração quente.
(…)
Pedro Paixão, in revista Pública, 13 de Janeiro de 2002 (texto com supressões).

1. Numa curta introdução o narrador anuncia, resumidamente, o episódio que vai contar.
1.1. Delimita, no texto, essa introdução.
A introdução corresponde ao primeiro parágrafo.
1.2. Explica, por palavras tuas, o seu conteúdo.
O narrador acha que cometeu um erro, precipitou-se ao ler o correio electrónico e não sabe, ou apresenta algumas dúvidas, como remediar a situação.
2. De seguida o narrador explica, em pormenor, como tudo se passou.
2.1. Descreve todas as acções do narrador desde que abriu “a declaração de amor” até a reenviar à sua correspondente favorita.
Abriu a mensagem veio-lhe à memória a vaga ideia de quem a teria enviado e teceu considrações sobre a mensagem, que "era bonita", tinha erros, mas apesar disso causou-lhe tão boa impressão que a releu e, entusiasmado resolveu reencaminhá-la.
2.2. Antes de enviar a mensagem, o narrador hesitou.
2.2.1. Identifica a(s) razão(ões) que estaria(m) na origem desta indecisão.
As razões da indecisão prendem-se com a vaga ideia de quem seria, a beleza do texto e a possível reacção do receptor. Tudo isso pesou na indecisão.
2.2.2. Transcreve a frase em que ele pretende explicar por que razão enviou a mensagem.
"Era como um pedaço de fogo que não podia reter nas minhas mãos."
2.3. As consequências do seu irreflectido gesto foram ‘graves’.
2.3.1. Imagina o que terá levado a destinatária da mensagem a tomar a atitude descrita.
Pela reacção percebe-se que não estaria à espera de uma mensagem daquelas. Devia ser uma pessoa sem humor e levaria as coisas mesmo a sério. Por outro lado, se calhar as relações entre os dois não teriam sido as melhores, ou então ela estaria a reagir assim porque até podia gostar dele, mas estava magoada.
3. Explica o sentido do seguinte fragmento textual: “Uma mensagem electrónica parece ir directamente de uma alma para outra sem necessitar de mais nada, escrita de fantasmas.” (linhas 11-13)
Esta observação do narrador exemplifica bem a comunicação nos dias de hoje. É de uma simplicidade enorme, mas ao mesmo tempo tão complexa e eficaz. Parece que se comunica sem mediador, de alma a alma, entenda-se de computador a computador, como se nada existisse a fazer essa ligação. Ao fim e ao cabo o canal de comunicação é invisível, daí a aproximação a fantasma.
4. Identifica também as figuras de estilo presentes nos excertos:
a) "escrita de fantasmas".
A expressão é uma metáfora. Refere-se a uma realidade de escrita como se fosse própria de fantasmas. Aproxima um conceito do outro, mas sem usar a partícula comparativa.
b) "pequenas coisas que nos retiram por instantes todo o peso do mundo."
Neste caso a frase transmite-nos a ideia de exagero, portanto o recurso estilístico é a hipérbole.

Agradeço ao Paulo de Lousada por me facultar esta prova

PROVA INTERMÉDIA DE PORTUGUÊS

HORÁRIO E CONDIÇÕES DE APLICAÇÃO E DE DIVULGAÇÃO DOS TESTES
Cada uma das aplicações ocorre em simultâneo em todo o território nacional e, de acordo com o horário dos toques de cada escola, deverá ter início entre as 10h e as 10h 45min., no Continente e na Região Autónoma da Madeira, e entre as 9h e as 9h 45min., na Região Autónoma dos Açores.

Os alunos devem comparecer na sala indicada às 10:10

9º B Sala 22

9º D Sala 26

9º F Sala 24


No caso da EPJAL a prova terá início às 10:20



Levar folha de teste da escola

Levar esferográficas azuis ou pretas, não são permitidas outras cores.

Não usar corrector.

Não escrever nas margens das folhas de prova.

Assinalar sempre as perguntas, escrevendo o número respectivo.

Deixar, pelo menos, uma linha entre questões.

Durante a realização da prova, nenhum aluno pode abandonar a sala, salvo por motivo de força maior, caso em que deve ser devidamente acompanhado.

Os alunos não deverão ser portadores de telemóveis ou de outros sistemas de comunicação durante o período de realização dos testes.


Até 24 horas após a aplicação, e sempre depois das 16h do dia da aplicação, os enunciados e os critérios de classificação dos testes ficam disponíveis na página do GAVE, acessíveis ao público em geral.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Correção da Ficha 2

I - Gramática

1. o seguinte excerto de um conto de Sofia de Melo Breyner:
“Em Novembro as primeiras camélias eram de um rosa pálido e transparente e mantinham-se direitas e rijas na haste. Os seus troncos largavam nos dedos um escuro que as crianças limpavam ao bibe.(…)No fundo da quinta, para os lados da barra, Hans mandou construir uma torre.(…) Consigo às vezes levava Joana, a neta mais velha, que achava na torre grande aventura e mistério, e a quem ele ensinava o nome e a história dos barcos.”

1.1 – Transcreve as palavras destacadas de acordo com a sua classe:
Nomes comuns: camélias, haste, pó, troncos, aventura

Verbos: lê, limpavam, mandou

Adjectivos: pálido, transparente, escuro

Transcreve também:
Um numeral: primeiras
Dois determinantes artigos: as, os há outros
Um determinante possessivo: seus
Um pronome relativo: que ou quem

1.2 – Agrupa essas palavras de acordo com a sua acentuação:
Esdrúxulas: camélias, pálido
Graves: haste, troco, aventura, troncos, limpavam
Agudas: pó, mandou

1.3 - Identifica o antecedente do pronome "quem". (linha 5) : Joana

2 – Escreve um texto entre 25 e 50 palavras em que apliques as preposições: de, a, através, após, até, por, com, sem, durante
Um dia deste, após o almoço, fui de Lisboa a Évora. Como ia sem pressa, fui com vagar. Parei em Montemor e caminhei através dos campos, por outeiros e vales floridos. Durante esse longo passeio, pude sorver a calma da planície desse fim de tarde primaveril até ao anoitecer que me obrigou a regressar e retomar a viagem.
3 – Completa o quadro de modo a encontrares as palavras da mesma família de acordo com a classe em falta:
Nome: escuridão Verbo: escurecer Adjectivo escuro
Verbo: ver Nome visão Adjectivo visível
Adjectivo: familiar Nome família Verbo: familiarizar

4 – Dá atenção às seguintes frases:
a)– Uma ocasião, Hans mandou construir uma torre junto à barra.
b)- Para ver a entrada e a saída dos seus barcos.
c)- Ele e a neta, daí em diante, de vez em quando, juntavam-se na torre.

4.1 – Indica o sujeito e o predicado de cada uma das frases:
sujeito Predicado
a) Hans mandou construir uma torre junto à barra.
b) ele (Hans) ver a entrada e a saída dos seus barcos.
c) Ele a a neta juntavam-se na torre.
4.2 – Classifica, quanto ao tipo, os sujeitos das frases.
a) simples
b) omisso/subentendido
c) composto

4.3 – Indica o complemento directo das frases.
a) uma torre
b) a entrada e a saída dos seus barcos

4.4 - Que função sintáctica desempenha a expressão "de vez em quando" (frase c)?
complemento circunstancial de tempo
4.5 – Como se designam os verbos que pedem complemento directo?
transitivos directos

5 – Atenta na seguinte frase: Depois, quando queria trabalhar, oferecia à neta lápis e papel.
5.1 – Identifica e classifica os complementos da forma verbal oferecia.
lápis e papel - complemento directo
à neta - complemento indirecto
5.2 – Reescreve a frase substituindo o complemento destacado por um pronome pessoal.
Depois, quando queria trabalhar, oferecia-lhe lápis e papel.
5.3 – Classifica a oração subordinada introduzida pela conjunção quando.
oração subordinada adverbial temporal ou oração subordinada temporal

6 - Dá atenção à seguinte frase e classifica a função sintáctica que desempenha a expressão destacada: Consigo às vezes levava Joana, a neta mais velha, que ficava entusiasmada com essa grande aventura e mistério.
6.1 - Transcreve a oração subordinada relativa desse período..
que ficava entusiasmada com essa grande aventura.
6.2 - Escolhe a opção correcta. A classificação do verbo sublinhado é:

a)- Intransitivo
b)- Copulativo (verbos ser, estar, ficar, permanecer, continuar são copulativos)
c - Transitivo directo
d)- Transitivo indirecto

7 - Dá tenção às frases que se seguem:
a)- A direcção do Porto de Lisboa fechou a barra do Tejo.
b)- A direcção barra a entrada aos sócios que não tragam cartão.

em a) é nome comum
em b) é verbo
7.1 - Identifica a classe das palavras sublinhadas, segundo a sua ocorrência.
7.2 - Que relação se estabelece entre as duas palavras?
São palavras homónimas.
8 - Escreve o hiperónimo de:
a) pêssegos, romãs, cerejas, uvas, maçãs
fruta
b) papoilas, camélias, gladíolos, boninas flores

9 - Escreve seis hipónimos de:
a) automóvel:
Fiat, Ferrari, Mercedes, Audi, Peugeot, Seat
b) roupa:
calças, calções, camisa, camisola, blusão, bermudas...

10 - Discurso directo/indirecto

10.1 - Passa para o discurso indirecto:

Rei: Como já declarei ontem, não te valem os teus apelos, estás perdida pelo mal que fizeste a este reino.
Inês: Perdoa-me, ó rei benigno. Ontem amei, hoje amo e amanhã, viva ou morta, continuarei a amar aquele que será rei.
O rei disse que como já tinha declarado no dia anterior/anteriormente, não lhe valiam os seus apelos, que estava perdida pelo mal que tinha feito/fizera àquele reino.
Inês insistia que o rei benigno lhe perdoasse. Outrora tinha amado/amara, hoje amava e no futuro, viva ou morta, continuaria a amar aquele que seria rei/viria a ser rei/havia de ser rei.
10.2 - Passa para o discurso directo:

A mãe de Joana dizia-lhe que não gostava que acompanhasse o avô, porque era perigoso andar de barco na barra, pois havia acidentes diariamente.
Joana respondia que era o seu divertimento preferido e que o avô cumpria todas as regras de segurança, por isso não se preocupasse.


A mãe disse-lhe:
- Não gosto que acompanhes o avô, porque é perigoso andar de barco na barra, pois há acidentes diariamente.
Joana respondeu-lhe:
- Este é o meu dvertimento preferido e o avô cumpre as regras de segurança, por isso não te preocupes.

10.3 - Identifica as formas verbais: gostava e acompanhasse
- gostava - 3ª pessoa do singular do pretérito imperfeito do modo indicativo do verbo gostar na voz activa.
- acompanhasse - 3ª pessoa do singular do pretérito imperfeito do modo conjuntivo na voz activa

II - Interpretação/Comentário

Lê atentamente as estrofes de Os Lusíadas retiradas do canto III.

124
Traziam-na os horríficos algozes
Ante o Rei, já movido a piedade;
Mas o povo, com falsas e ferozes
Razões, à morte crua o persuade.
Ela, com tristes e piedosas vozes,
Saídas só da mágoa e saudade
Do seu Príncipe 1 e filhos, que deixava, 1 - Príncipe, D. Pedro
Que mais que a própria morte a magoava,

125
Pera o céu cristalino alevantando,
Com lágrimas, os olhos piedosos
(Os olhos, porque as mãos lhe estava atando
Um dos duros ministros rigorosos);
E depois nos mininos atentando,
Que tão queridos tinha e tão mimosos,
Cuja orfindade como mãe temia,
Pera o avô cruel assim dizia:

126
-«Se já nas brutas feras, cuja mente
Natura fez cruel de nascimento,
E nas aves agrestes, que somente
Nas rapinas aéreas têm o intento,
Com pequenas crianças viu a gente
Terem tão piadoso sentimento
Como com a mãe de Nino 2 já mostraram,
2 - Nino, Príncipe assírio
E cos irmãos 3 que Roma edificaram:
3 - Rómulo e Remo, fundadores de Roma

127
Ó tu, que tens de humano o gesto e o peito
(Se de humano é matar ua donzela,
Fraca e sem força, só por ter sujeito
O coração a quem soube vencê-la),
A estas criancinhas tem respeito,
Pois o não tens à morte escura dela;
Mova-te a piedade sua e minha,
Pois te não move a culpa que não tinha.

128
E se, vencendo a Maura resistência,
A morte sabes dar com fogo e ferro
Sabe também dar vida com clemência
A quem pera perdê-la não fez erro.
Mas, se to assim merece esta inocência,
Põe-me em perpétuo e mísero desterro,
Na Cítia fria ou lá na Líbia ardente,
Onde em lágrimas viva eternamente.

129
Põe-me onde se use toda a feridade,
Entre liões e tigres, e verei
Se neles achar posso a piedade
Que entre peitos humanos não achei.
Ali, co amor intrínseco e vontade
Naquele por quem mouro, criarei
Estas relíquias suas, que aqui viste,
Que refrigério 4 sejam da mãe triste.»
4 - refrigério - consolação, apoio
Camões, Lusíadas


1 - Redige um texto expositivo, bem estruturado em três parágrafos, com um mínimo de 70 e um máximo de 130 palavras, em que indiques:

- o episódio a que se referem as estrofes e a sua integração num dos planos narrativos de Os Lusíadas, identificando a personagem principal;

Estas estrofes referem-se ao episódio de Inês de Castro e pertencem ao Plano narrativo da História de Portugal. A Personagem principal é Inês de Castro.

- o motivo da apresentação dessa personagem perante o rei, e o facto de parte do texto aparecer entre aspas, referindo ainda, pelo menos, três argumentos que essa personagem apresenta em sua defesa;
Inês é apresentada perante o conselho do rei porque tinha uma relação amorosa com o príncipe D. Pedro. O texto apresenta-se entre aspas porque reproduz o discurso directo, discurso de defesa perante o rei. Inês apresenta três argumentos em defesa da vida: até os animais têm compaixão dos indefesos como Rómulo e Remo, a orfandade dos filhos, em alternativa o exílio, nunca a morte.
- por fim, identifica o narrador e apresenta a divisão deste excerto em partes lógicas, atribuindo um título a cada uma delas.
O excerto divide-se em duas partes. A primeira, apresentação de Inês a julgamento (est. 124-125; a segunda, da 126-129, discurso de defesa de Inês.
O narrador do episódio é Vasco da Gama.

Bom trabalho
JM


domingo, 23 de janeiro de 2011

Frase simples e complexa

Conjunções e locuções conjuncionais Coordenativas

São palavras ou expressões invariáveis que sevem para ligar frases/orações

Copulativas: e, nem, não só... ... mas também

Adversativas: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto

Disjuntivas: ou, ou...ou, ora...ora, quer...quer, seja...seja, nem...nem

Conclusivas: logo, pois, portanto, por conseguinte, por isso, assim

Veja-se Caderno de actividades PP 23-24

COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO: DUAS FORMAS DE LIGAR ORAÇÕES
A frase simples é constituída por uma única oração, um único verbo conjugado

Exemplo:
Assim gemia o magnânimo Ulisses, à beira do mar lustroso...

A frase complexa é constituída por duas ou mais orações.

Exemplo:
Através da vaga, fugiu e trepou sofregamente à jangada, soltou a vela, fendeu o mar, pois partiu para os trabalhos, para as tormentas, para as misérias — para a delícia das coisas imperfeitas!

Este período é constituído por 5 orações. Vamos dividi-las:

- Através da vaga, fugiu
- e trepou sofregamente à jangada, - coordenada copulativa sindética
- soltou a vela, - coordenada copulativa assindética (não se usa conjunção)
- fendeu o mar, - coordenada copulativa assindética
- pois partiu para os trabalhos, para as tormentas, para as misérias — para a delícia das coisas imperfeitas! - coordenada copulativa conclusiva

Coordenação
As orações, embora ligadas, podem manter-se independentes. Nesse caso, existe entre elas uma relação de coordenação, isto é ligação.

A coordenação pode ser sindética, isto é, com a conjunção expressa:

O Tiago foi ao Parque das nações e visitou o Oceaanário e divertiu-se imenso.
Decomposição:

O Tiago foi ao Parque das Nações.

O Tiago visitou o Oceanário.

A coordenação pode ser assindética, isto é, sem a conjunção expressa:

O Tiago foi ao Parque das Nações, visitou o Oceanário, divertiu-se à grande.


Orações coordenadas
• Copulativas
Exemplo: • Calipso, a deusa radiosa, o recolhera e o amara.

• Adversativas
Exemplo:

• Dez anos antes, também desconhecia a sorte de Ítaca e dos seres preciosos que lá deixara em solidão e fragilidade; mas uma empresa heróica o agitava;

• Disjuntivas
Exemplo:

• Em oito anos, ó deusa, nunca a tua face rebrilhou com uma alegria, nem dos teus verdes olhos rolou uma lágrima, nem bateste o pé com irada impaciência, nem, gemendo com uma dor, te estendeste no leito macio...

Neste caso a conjunção nem liga orações

• Conclusivas
Exemplo:

• As suas decisões, clementes ou cruéis, resultam sempre em harmonia, por isso o seu braço se torna terrífico aos peitos rebeldes.

Conjunções e locuções conjuncionais Subordinativas

São palavras ou expressões invariáveis que servem para ligar frase/orações

Temporais: quando, sempre que, desde que, enquanto, mal, antes que, até que, logo que, depois de

Causais: porque, como, pois, porquanto, pois que, por isso, que, já que, uma vez que, visto que, visto como

Condicionais: se, caso, contanto que, salvo se, dado que, desde que, a menos que

Finais: para que, a fim de que

Comparativas: como, assim como, bem como, como se

Concessivas: embora, ainda que, mesmo que, se bem que, apesar de que

Consecutivas: que (combinada com tal, tão, tanto) de sorte que, de forma que de maneira que

Completivas: que, se
Ver Caderno de actividades pp 23-24


Subordinação

Na frase complexa com orações subordinadas uma das orações, a subordinante ou principal, mantém-se independente. As que dependem dela são subordinadas e recebem a denominação da conjunção ou locução que as iniciam.

Orações Subordinadas

Ulisses que saiu de Ítaca para atacar Tróia vagueou durante dez anos, porque os deuses se eufureceram contra ele, embora Vénus lhe tivesse prometido que chegaria são e salvo à sua pátria.

Este período é constituído por 6 orações. Vamos dividi-las e classificá-las:

- Ulisses vagueou durante dez anos. - oração subordinante/principal
- que saiu de Ítaca. - oração subordinada relativa restritiva
- para atacar Tróia. - oração subordinada final
- porque os deuses se enfureceram contra ele. - oração subordinada causal
- embora Vénus lhe tivesse prometido. - oração subordinada concessiva
- que chegaria são e salvo à sua pátria. - oração subordinada completiva/integrante

As orações subordinadas podem ser:

• Temporais
Exemplo:
Quando Eos vermelha aparecer, amanhã, eu te conduzirei à floresta.

• Causais
Exemplo:
• Calipso reconhecera logo o mensageiro - pois que todos os imortais sabem uns dos outros os nomes, os feitos e os rostos soberanos.

• Condicionais
Exemplo:
- Ó Ulisses, vencedor de homens, se tu ficasses nesta ilha, eu encomendaria para ti, a Vulcano e às suas forjas do Etna, armas maravilhosas...

• Finais
Exemplo:
- Ó deusa, pensas tu na verdade que nada falte para que eu largue a vela?

• Comparativas
Exemplo:
• Estas gaivotas repetem tão incessantemente, tão implacavelmente, o seu voo harmonioso e branco que eu escondo delas a face, como outros a escondem das negras harpias!

• Concessivas
Exemplo:
• Mas, ainda que não existisse, para me levar, nem filho, nem esposa, nem reino, eu afrontaria alegremente os mares e a ira dos deuses!

Consecutivas
Exemplo:
• Ulisses pisou a areia de tal modo, que o magnânimo herói não a sentiu deslizar.

Completivas (ou integrantes) - têm a função de um nome ou expressão nominal, são normalmente sujeito ou complemento directo de um verbo declarativo.

Exemplo: Por isso Júpiter, regulador da ordem, te ordena, deusa, que soltes o magnânimo Ulisses.
A oração completiva pode ser substituída por uma expressão nominal:

Por isso Júpiter (...) ordena a libertação do magânimo Ulisses.

Ordena o quê? - que soltes Ulisses... esta oração funciona como complemento directo do verbo ordenar, completa o sentido, equivale a libertação ....

A deusa disse que soltassem Ulisses. disse o quê? que O soltassem --- CD
Uma oração subordinada completiva pode ser sujeito:
Que digam a verdade em tribunal é fundamental.
Sujeito: que digam a verdade;
Predicado: é fundamental. - fundamental é o predicativo do sujeito selecionado pelo verbo SER
Assim, a oração completiva pode ser substituída por um pronome pessoal:
Ela é fundamental.

Orações subordinadas Relativas – são iniciadas por pronomes relativos, são de dois tipos:

Restritivas

Exemplo: Ulisses atirou o machado contra um vasto carvalho que gemeu profundamente.
Decomposição:
- Ulisses atirou o machado contra um vasto carvalho.
- O carvalho gemeu profundamente.

A oração relativa "que gemeu profundamente", é restritiva e funciona como um adjectivo, tem a função sintáctica de atributo (ou modificador frásico do nome): (...)
um vasto carvalho rachado, ferido...

Explicativas
Exemplo:
Ulisses, que astuciosamente se livrou de muitos perigos, sofreu durante dez anos a fúria dos deuses.

A oração relativa explicativa "que astuciosamente se livrou de muitos perigos" funciona como uma expressão nominal, tem a função sintáctica de aposto (ou modificador apositivo) e vem sempre entre vírgulas.
A oração relativa pode ser substituída por uma expressão nominal:
Ulisses, astuto e aventureiro, sofreu durante dez anos a fúria dos deuses.

Nota: Também pode aparecer a designação de oração relativa adjectiva restritiva ou explicativa.
Há ainda as orações subordinadas relativas substantivas ou independentes, isto é, o pronome relativo não tem antecedente. Estas orações têm, normalmente, função sintáctica de sujeito (1), complemento indirecto (2), agenta da passiva (3), entre outros....


1 - Quem critica quer sobressair. (função de sujeito)
- Ele critica quer sobressair.


2 - Às vezes não damos valor a quem o merece. (função de complemento indirecto)
- Às vezes não lhe damos valor.


3 - As ordens foram dadas por quem tem poder. (agente da passiva)
- As ordens foram dadas pelo director.


Este é um assunto complexo. Os exemplos apresentados são apenas ilustrativos de algumas ocorrências. Consulte-se a gramática, em caso de dúvida.

Sobre verbos

Ficha para as aulas de

9º F - 25 de Janeiro
9º D e B 27 de Janeiro

FORMAS VERBAIS QUE SUSCITAM DÚVIDAS ORTOGRÁFICAS

Completa cada uma das frases com a forma considerada correcta em cada caso.

1. FALA-SE OU FALASSE?
1.1. Hoje em dia ____________ muito na urgência de uma vacina contra a sida.
1.2. Se ela não ____________ tanto, talvez ele acreditasse mais nela.

2. PRATICA-SE OU PRATICASSE?
2.1. O treinador queria que eu ____________ mais remates com bola parada.
2.2. No meu clube, ____________ andebol, basquetebol e hóquei em patins.

3. ESTUDA-SE OU ESTUDASSE?
3.1. Se a Marta ____________ mais um pouco, obteria melhores resultados.
3.2. Na biblioteca da escola, ____________ muito calmamente. 4. LAVA-SE OU LAVASSE?
4.1. O Pedro ____________ todas as manhãs.
4.2. A mãe pediu-lhe que ____________ a louça do jantar.

5. DEVE-SE OU DEVESSE?
5.1. O grande número de acidentes ____________, sobretudo, ao excesso de velocidade.
5.2. Depois do que fez, talvez ele ____________ pedir desculpa à Sofia.

6. VENDE-SE OU VENDESSE?
6.1. Se a Celeste ___________ frutas e legumes, teria mais clientes.
6.2. Na loja do senhor André, ____________ de tudo um pouco.

7. COME-SE OU COMESSE?
7.1. Em Portugal, por norma, ____________ demasiado às refeições.
7.2. Ela seria mais saudável, caso ____________ alimentos menos gordos.

8. LÊ-SE OU LESSE?
8.1. Este romance ____________ com muito entusiasmo.
8.2. Os meus pais queriam que eu ____________ mais livros.

9. BEBE-SE OU BEBESSE?
9.1. Se ela não ____________ tanta água, já teria tido mais problemas nos rins.
9.2. Na minha casa, ____________ água às refeições.

10. ESCREVE-SE OU ESCREVESSE?
10.1. Nas aulas de Português, ____________ pouco.
10.2. Se eu ____________ com mais frequência, superaria as dificuldades.

11. TRABALHA-SE OU TRABALHASSE?
11.1. Nas aulas de Matemática, ____________ com método e com rigor.
11.2. A directora de turma disse que, se eu ____________ mais, conseguiria melhores resultados.

12. SUSPENDE-SE OU SUSPENDESSE?
12.1. Se a empresa fornecedora ____________ a venda das matérias-primas, teríamos de parar a produção.
12.2. ____________ a venda deste medicamento para as dores, pois surgiram suspeitas de que pro-voca lesões no estômago.

13. DAMOS OU DÁ-MOS?
13.1. Não posso comprar estes livros, mas a minha avó ____________ no Natal.
13.2. Toda a gente sabe que não nos ____________ com os nossos vizinhos.

14. FOSTE OU FOSTES?
14.1. Tu ____________ ontem à noite ao cinema com a Carla?
14.2. Onde ____________ vós depois do filme, que nunca mais vos vimos?

15. LAVAS-TE OU LAVASTE?
15.1. Tu ____________ ontem a louça do jantar?
15.2. Tu ____________ todas as manhãs antes de saíres de casa?

16. EMPRESTAR-MOS OU EMPRESTARMOS?
16.1. O pai da Cristina pediu para nós ____________ a bicicleta à filha.
16.2. Como não podia comprar os patins ao Rui, ele vai ____________.

17. COMPRAR-NOS OU COMPRARMOS?
17.1. Como temos de mudar de cidade, a nossa tia vai ____________ a casa.
17.2. Vamos ficar endividados, se ____________ um caro tão caro.

18. TROUXESTE OU TROUXESTES?
18.1. O que é que vós _______________ do estrangeiro para nos oferecer?
18.2. Tu _______________ uma alegria imensa a esta casa.

19. AUXILIARMOS OU AUXILIARMO-NOS?
19.1. _______________ uns aos outros é um dever de todos para com todos.
19.2. Eles pediram-nos para nós os _______________.

20. VIRMOS OU VIERMOS?
20.1. Só quando nós _______________ de férias é que poderemos contactá-los.
20.2. Só acreditamos no que ele está a dizer quando _______________ com os nossos olhos.

21. COMPROMETERMO-NOS OU COMPROMETER-NOS?
21.1. É necessário _______________ mutuamente na resolução deste problema.
21.2. Nós queremos _______________ na luta pela paz no mundo.

22. VENDEMOS OU VENDE-MOS?
22.1. Se eu quiser comprar os jogos ao Filipe, ele _______________.
22.2. Eu e a Paula _______________ fruta no mercado.

23. CONFIARMOS OU CONFIAR-NOS?
23.1. Como somos teus amigos, podes _______________ as tuas preocupações.
23.2. Para nós _______________ em ti, terás de nos fazer prova de que não estás com segundas intenções.

24. PERCEBERMOS OU PERCEBER-NOS?
24.1. Vamos consultar o mapa, para _______________ em que ponto da cidade estamos.
24.2. Ela não está a _______________ bem por causa do ruído.

Correção da 1ª. Ficha de trabalho

1. Associa cada um dos elementos de A ao único elemento de B que lhe corresponde, de acordo com o sentido do texto A.

Escreve o número de cada um dos elementos de A e a letra relativa ao elemento de B que lhe corresponde. Utiliza cada número e cada letra apenas uma vez.


(1) Número de países europeus onde, de acordo com a informação do mapa, residem portugueses.

(2) Número de alunos que, há vinte anos, estudavam português em Espanha.

(3) Número aproximado de pessoas que, em países de língua oficial portuguesa e na comunidade portuguesa no mundo, falam português.

(4) Número de países cuja língua oficial é o português.

(5) Número de pessoas que, em Angola e em Moçambique, têm, actualmente, o português como língua de referência.


(a) 6

(b) 8

(c) 20

(d) 100

(e) 10 mil

(f) 35 milhões

(g) 55 milhões

(h) 244 milhões

1 - a; 2 - d; 3 - h; 4 - b; 5 - f

Atenção!Este tipo de questões não têm cotação intermédia, ou está bem ou mal.


2. Indica a expressão do texto a que se refere a palavra «Aí» (linha 13).

África

3. Selecciona, para responderes a cada item (3.1. a 3.6.), a opção que permite obter a afirmação adequada ao sentido do mapa e do texto. Escreve o número do item e a letra correspondente a cada opção que escolheres.

3.1. O mapa contém a indicação do número de
(A) países em que a língua oficial é o português.
(B) residentes portugueses em diferentes países e continentes.
(C) imigrantes oriundos de vários países e residentes em Portugal.
(D) estudantes de português em diferentes países e continentes

3.2. De acordo com o mapa, o número de portugueses residentes no Brasil é
(A) inferior ao número de portugueses residentes em Espanha.
(B) inferior ao número de portugueses residentes no Reino Unido.
(C) superior ao número de portugueses residentes na Alemanha.
(D) superior ao número de portugueses residentes em França.

3.3. No texto, a informação de que o português está em expansão em Espanha é apresentada como sendo um facto
(A) preocupante.
(B) tranquilizador.
(C) previsível.
(D) surpreendente.

3.4. De acordo com o texto, o interesse crescente pela língua portuguesa, na China, deve-se à vontade de (A) conhecer o futebol português.
(B) fazer turismo em Portugal.
(C) estabelecer negócios em África.
(D) investir na economia brasileira.

3.5. Na linha 16, a palavra «todavia» pode ser substituída pela expressão
(A) por isso.
(B) além disso.
(C) por conseguinte.
(D) no entanto.

3.6. Segundo as informações contidas no último parágrafo do texto, a rnacionalização de uma língua depende, em grande medida,
(A) do papel que os países onde se fala essa língua assumirem a nível internacional, nos planos político, económico ou científico.
(B) do valor que os países onde se fala essa língua atribuírem à política, à economia e à ciência.
(C) da consagração a nível internacional de alguns falantes dessa língua, nos planos político, económico ou científico.
(D) da ajuda que os países onde se fala essa língua receberem da comunidade internacional.

Lê o seguinte poema de Ruy Belo e responde, de forma completa e bem estruturada, ao item 4.

TEXTO B
E TUDO ERA POSSÍVEL
Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido

Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido

E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer

Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer

Ruy Belo, Obra Poética de Ruy Belo, vol. 1,
organização de Joaquim Manuel Magalhães, Lisboa, Editorial Presença, 1981

4. Redige um texto, com um mínimo de 70 e um máximo de 100 palavras, em que exponhas uma leitura do poema.

O teu texto deve incluir:
● uma parte inicial, em que indiques o título do poema e o nome do seu autor e na qual identifiques o momento da vida que é recordado no poema;

● uma parte de desenvolvimento, em que refiras a importância que o «eu» atribui ao momento que identificaste, justificando a tua interpretação com um elemento do texto e explicando o sentido da expressão «o poder duma criança» (verso 12);

● uma parte final, em que identifiques um dos sentimentos dominantes no poema, relacionando esse sentimento com o título.

A resposta deve organizar-se em três parágrafos, como tenho vindo a indicar continuamente desde Novembro de 2010. Ainda há quem não o faça, logicamente que vai perder pontos, no que toca à avaliação da estrutura do texto.

A resposta deve focar os seguintes tópicos:


1º Parágrafo do teu texto comentário deve incluir, então
- o título do poema: "E tudo era possível"
- o autor do poema: Ruy Belo
- momento da vida recordado: a juventude ou antes de sair de casa dos pais ou momento do passado (referir só a infância tem 0 pontos)

2º Parágrafo do teu texto comentário deve incluir, então

- referir a importância que o "eu" ou sujeito poético atribui a essa fase da vida (juventude)
- o "eu" atribui grande importância a essa fase da sua vida.
- justificas a interpretação referindo por exemplo um dos versos seguintes: "era tudo florido" (V. 5); ou "havia nas coisas sempre uma saída" (v. 10); ou "entre as coisas e mim havia vizinhança"; v. 13) ou "tudo era possível era só querer" (v. 14)
- explicar o significado da expressão "o poder duma criança" (v.12, por exemplo, esta expressão sugere/significa que quando somos crianças parece não haver limites, gozaamos de uma liberdade imensa.

3º parágrafo deves relacionar um dos seguintes sentimento com o título do poema.

- o sentimento dominante é a saudade/nostalgia da juventude ou tristeza resultante do tempo que já passou ou perda do poder de sonhar ou felicidade só por recordar a infância onde o poeta se refugia.

- Esse sentimento, saudade ou tristeza ou perda, revela uma relação de contraste com tempo, a altura, a época evocado pelo título "E tudo era possível".

Aqueles que optassem por sentimento de felicidade deviam justificar da seguinte forma:
- esse sentimento é a felicidade e revela uma relação de identificação entre o sentimento e a ideia de poder sem limites simbolizado pelo título "E tudo era possível".


Texto:
O poema escrito por Ruy Belo intitula-se "E tudo era possível". O momento recordado é a juventude, todo o passado antes de sair de casa dos pais.

O "eu" atribui muita importância a essa fase da vida. Há muitos versos que atestam a minha posição, nomeadamente "era tudo florido" (V. 5); "havia nas coisas sempre uma saída" (v. 10).
Quanto ao significado de "o poder duma criança" (v.12), no contexto do poema, sugere que quando somos crianças parece não haver limites, gozamos de uma liberdade imensa.

O sentimento dominante é a saudade. Estabelece-se uma relação de contraste com o passado, em que era feliz, e o presente, bem como com o título do poema "E tudo era possível".


118 - palavras

Numa questão deste tipo a cotação está dividida entre:

Conteúdo (C), o que é dito, as ideias, normalmente 6 pontos;
Forma (F), isto é a escrita, normalmente 4 pontos

Quem fizer um texto com o número de palavras inferior a 22, não tem pontuação.

Quem se afastar muito das 70 e 120, começa a desvalorizar:

1 ponto para textos textos com menos de 50, mas mais de 22, ou com mais de 120


GRUPO II

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Os segmentos (A), (B), (C), (D) e (E) constituem partes de um texto e estão desordenados. Escreve a sequência de letras que corresponde à ordem correcta dos segmentos, de modo a reconstituir o texto. Começa a sequência pela letra (E).


(A) Quanto aos empreendimentos norte-africanos, iniciados com a conquista de Ceuta, continuavam divididas as opiniões e permaneciam as dúvidas sobre o caminho a tomar. D. Duarte acabaria por determinar a realização de uma nova campanha militar em África.

(B) Por fim, a expansão marítima haveria de ser impulsionada, dando continuidade às viagens realizadas durante o reinado de D. João I, nomeadamente as que conduziram à ocupação das ilhas de Porto Santo e da Madeira, à chegada às ilhas dos Açores e ao reconhecimento da costa ocidental africana.

(C) Quando se viu à frente do reino, D. Duarte prosseguiu a orientação política herdada de D. João I, da qual se realçam três factores principais: fortalecimento do poder régio, conquista de praças no Norte de África e, em simultâneo, expansão marítima em águas atlânticas.

(D) No que respeita ao primeiro aspecto, referente ao reforço do poder monárquico, foi significativa a promulgação da Lei Mental, que determinava que só o filho primogénito, varão e legítimo poderia herdar os bens que seu pai tivesse recebido da coroa.

(E) O rei D. Duarte nasceu no dia 31 de Outubro de 1391, na cidade de Viseu, e subiu ao trono de Portugal em 1433. Filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, desde cedo foi associado à governação por seu pai, a quem sucedeu para assumir os destinos do país durante um breve reinado de cinco anos.

E-C-D-A-B

2. Reescreve na forma activa a frase seguinte.
O mapa dos países de língua oficial portuguesa tinha sido apresentado pelo professor aos alunos.

Análise da frase:

Sujeito - O mapa dos países de língua oficial portuguesa, na frase activa vai ser o complemento directo.

Predicado: tinha sido apresentado pelo professor aos alunos

O predicado contém:

- verbo - tinha sido apresentado - trata-se do pretérito perfeito composto na voz passaiva

- pelo professor, é agente da passiva. Na frase activa vai ser o sujeito.

- aos alunos - complemento indirecto

Temos então:

O professor tinha apresentado aos alunos o mapa dos países de língua oficial portuguesa.




3. Classifica a oração sublinhada na frase seguinte.
O professor de Geografia, enquanto os alunos observavam o mapa, falava de países longínquos.

- oração subordinada adverbial temporal ou oração subordinada temporal, porque é iniciada pela conjunção temporal "enquanto"

4. Indica, para cada um dos itens (4.1. a 4.7.), a função sintáctica que a expressão sublinhada desempenha em cada uma das frases.

4.1. Nessa manhã, chegaram os passageiros ao navio. sujeito

4.2. Nessa manhã, encontraram os passageiros no navio. c. directo

4.3. Camões, o épico português, é admirado pela sua obra. aposto/modificador apositivo

4.4. Camões escreveu os Lusíadas e ofereceu-os ao rei D. Sebastião. c. indirecto

4.5. Camões é admirável. predicativo do sujeito (atenção aos verbos ser, estar, ficar, permanecer, continuar)

4.6. É admirável, Camões. sujeito, neste caso está invertido
4.7. Camões é interessante e admirável. sujeito

5. Selecciona a opção em que a palavra «a» é uma preposição.
Escreve a letra correspondente à opção que escolheres.
(A) Amanhã chega do Brasil a minha melhor amiga.
(B) Encontrei uma boa gramática, mas não a comprei.
(C) O meu amigo António chegou a Lisboa ontem.
(D) O passageiro misterioso subiu para a embarcação.

C - o verbo chegar pede uma preposição: chegar a, de, até, através, durante - etc.

6. Selecciona a opção em que a palavra «alto» é um adjectivo.
Escreve a letra correspondente à opção que escolheres.
A - Alto! O senhor anda a conduzir sem carta!
B - Ainda há neve no alto daquela serra.
C - O cume daquela serra é o mais alto que conheço.
D - A sirene tocou alto porque havia fogo na serra.

C - alto qualifica o "cume" que é mais alto de todas as serras que conheço, está no grau superlativo relativo de superioridade

7. Selecciona a opção em que a palavra «alto» é um advérbio.
Escreve a letra correspondente à opção que escolheres.
(A) Há um ninho de águia no alto daquele monte.
(B) As garças são conhecidas pelo seu pescoço alto.
(C) O galo cantou alto e fez-se ouvir nas redondezas.
(D) Esse ninho fica num local muito alto e inacessível.

C - porque o advérbio vem junto ao verbo modificando-o, neste caso indica o modo como o galo cantou, é um advérbio de modo, como o galo cantou bem, mal, devagar...

8. Selecciona a opção em que a palavra sublinhada seja formada por parassíntese.
Escreve a letra correspondente à opção que escolheres.
A – Alto! O senhorio quer aumentar a renda.
B - Ainda há neve nos cumes daquelas serranias.
C – Desconheço o cume daquela serra.
D - A sirene tocou mesmo ao entardecer.

D - entardecer - palavra formada por prefixação e sufixação ao mesmo tempo, palavra primitiva tarde, não há a palavra tardecer, nem entarde....

9. Completa cada uma das frases seguintes com as formas adequadas dos verbos apresentados entre parênteses, usando apenas tempos simples. Escreve a alínea e a forma verbal que lhe corresponde.

Os ecologistas lamentam que, frequentemente, as cegonhas _____a_)____ (fazer) ninhos em cabos de
alta tensão.
É possível que, antigamente, _____b_)____ (haver) mais espécies de aves a sul do Tejo.
Conheço um ornitólogo que, ainda que _____c_)____ (chover) torrencialmente, vai para o campo observar aves todos os dias.
Os serviços de protecção florestal querem que os ornitólogos _____d_)____ (criar) centros de observação para estudar as aves.

a - façam; b - houvesse; c - chova; d - criem

Os verbos estão todos no modo conjuntivo


10. Lê as frases seguintes.
O Pedro contou que, no dia anterior, no observatório, tinha visto uma garça-vermelha e que tinha ficado encantado. A Maria comentou que nunca tinha visto uma garça e que tinha muita pena.

Reescreve as frases, representando em discurso directo a fala do Pedro e a fala da Maria.

O Pedro contou à Maria:
- Ontem vi uma garça-vermelha no observatório e fiquei encantado.
A Maria comentou:
- Nunca vi uma garça-vermelha tenho muita pena.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Matriz - Prova Intermédia 28/01/2011 - 10:20

LÍNGUA PORTUGUESA
A) DOMÍNIOS E COMPETÊNCIAS

LEITURA E ESCRITA
· Reconstrução do significado de textos em função da relevância e da hierarquização das suas unidades informativas;

· Avaliação do significado e da intencionalidade de mensagens em discursos variados;
· Relacionação de textos com contextos de produção;

· Domínio de estratégias que permitem desfazer ambiguidades, deduzir sentidos implícitos e reconhecer usos figurativos;

· Organização e correcção da expressão escrita.

CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA· Conhecimento sistematizado da estrutura e do uso do Português padrão.

ESCRITA· Domínio do processo de escrita, no seu uso multifuncional.

B) CONTEÚDOS
LEITURA ORIENTADA - (INTERPRETAÇÃO E COMENTÁRIO)

· Texto narrativo;
· Texto poético;
· Texto dramático;
· Outros textos. (POR EXEMPLO CRÓNICAS, NOTÍCIAS, ENTREVISTAS.... DO 7º E 8º ANOS

CONHECIMENTO EXPLÍCITO DA LÍNGUA - GRAMÁTICA

· Texto;- reconhecer vários tipos de textos, ordenar segmentos de texto ....
· Estrutura da frase; funções sintácticas: sujeito.... frase simples complexa ...
· Classes de palavras; nomes, verbos, adjectivos, preposições, etc....
· Relações entre palavras;(homófonas, homógrafas, hiperónimos.....
· Processos de enriquecimento do léxico; (formação de palavras, história da língua..
· Modos de representação do discurso; discurso directo e indirecto ....
· Pontuação;
· Ortografia.

ESCRITA PARA APROPRIAÇÃO DE TÉCNICAS E DE MODELOS (COMPOSIÇÃO)

· Planificação, construção e apresentação de texto. (180 a 240 palavras)

CARACTERIZAÇÃO DO TESTE
O teste intermédio de Língua Portuguesa apresenta três grupos de itens.

No Grupo I, avaliam-se competências nos domínios da Leitura e da Escrita. Este grupo apresenta três partes.
As partes A e B integram, cada uma, um texto que constitui o suporte de itens de selecção e de itens de construção. Cotação: de 38 a 40 pontos.

A parte C integra um item de resposta extensa (de 70 a 120 palavras). Este item pode ter como suporte o texto da parte A, o texto da parte B ou um outro texto. Cotação: de 10 a 12 pontos.

No Grupo II, avaliam-se competências no domínio do Conhecimento Explícito da Língua, através de itens de selecção e de itens de construção. Cotação: 20 pontos.

O Grupo III, que permite avaliar competências no domínio da Escrita, é constituído por um item de resposta extensa. Este item apresenta orientações no que respeita à tipologia textual, ao tema e à extensão (de 180 a 240 palavras). Cotação: 30 pontos.

MATERIAL
Os alunos apenas podem usar, como material de escrita, caneta ou esferográfica de tinta indelével, azul ou preta.

Não é permitido o uso de dicionário, gramáticas ou outros materiais didácticos.

Não é permitido o uso de corrector.

DURAÇÃO
O teste intermédio tem a duração de 90 minutos, não podendo a sua aplicação ultrapassar este limite de tempo.

Os alunos devem estar a horas na sala indicada, para que ao toque das 10:20 se inicie a prova.

Boa preparação e bom trabalho!

Jorge Marrão

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ficha formativa 9º Ano - Turmas B,D e F

Data de entrega:
Turma D - 20/01/2011
Turma F - 21/01/2011
Turma B - 24/01/2011
Numa folha A4, à parte, com indicação de nº, nome e turma.
Objectivo: revisão de matérias 7º e 8º ano para a prova intermédia de 28/01/2011

I - Gramática

1. o seguinte excerto de um conto de Sofia de Melo Breyner:
“Em Novembro as primeiras camélias eram de um rosa pálido e transparente e mantinham-se direitas e rijas na haste. Os seus troncos largavam nos dedos um escuro que as crianças limpavam ao bibe.(…)No fundo da quinta, para os lados da barra, Hans mandou construir uma torre.(…) Consigo às vezes levava Joana, a neta mais velha, que achava na torre grande aventura e mistério, e a quem ele ensinava o nome e a história dos barcos.”

1.1 – Transcreve as palavras destacadas de acordo com a sua classe:
Nomes comuns:____________________________________________________

Verbos: _________________________________________________________

Adjectivos: ______________________________________________________

Transcreve também:
Um numeral: __________
Dois determinantes artigos _______________
Um determinante possessivo __________
Um pronome relativo ___________________

1.2 – Agrupa essas palavras de acordo com a sua acentuação:
Esdrúxulas:
Graves:
Agudas::

1.3 - Identifica o antecedente do pronome "quem". (linha 5)

2 – Escreve um texto entre 25 e 50 palavras em que apliques as preposições: de, a, através, após, até, por, com, sem, durante

3 – Completa o quadro de modo a encontrares as palavras da mesma família de acordo com a classe em falta:
Nome: escuridão Verbo ______________ Adjectivo _______________
Verbo: ver Nome ________________ Adjectivo _______________
Adjectivo: familiar Nome ______________ Verbo __________________

4 – Dá atenção às seguintes frases:
a)– Uma ocasião, Hans mandou construir uma torre junto à barra.
b)- Para ver a entrada e a saída dos seus barcos.
c)- Ele e a neta, daí em diante, de vez em quando, juntavam-se na torre.

4.1 – Indica o sujeito e o predicado de cada uma das frases:

4.2 – Classifica, quanto ao tipo, os sujeitos das frases.
a)
b)
c)

4.3 – Indica o complemento directo das frases.

a)

b)

4.4 - Que função sintáctica desempenha a expressão "de vez em quando" (frase c)?

4.5 – Como se designam os verbos que pedem complemento directo?

5 – Atenta na seguinte frase: Depois, quando queria trabalhar, oferecia à neta lápis e papel.

5.1 – Identifica e classifica os complementos da forma verbal oferecia
5.2 – Reescreve a frase substituindo o complemento destacado por um pronome pessoal.
5.3 – Classifica a oração subordinada introduzida pela conjunção quando.

6 - Dá atenção à seguinte frase e classifica a função sintáctica que desempenha a expressão destacada: Consigo às vezes levava Joana, a neta mais velha, que ficava entusiasmada com essa grande aventura e mistério.
6.1 - Transcreve a oração subordinada relativa desse período..

6.2 - Escolhe a opção correcta. A classificação do verbo sublinhado é:

a)- Intransitivo
b)- Copulativo
c - Transitivo directo
d)- Transitivo indirecto

7 - Dá tenção às frases que se seguem:
a)- A direcção do Porto de Lisboa fechou a barra do Tejo.
b)- A direcção barra a entrada aos sócios que não tragam cartão.
7.1 - Identifica a classe das palavras sublinhadas, segundo a sua ocorrência.
7.2 - Que relação se estabelece entre as duas palavras?

8 - Escreve o hiperónimo de:
a) pêssegos, romãs, cerejas, uvas, maçãs __________________
b) papoilas, camélias, gladíolos, boninas ___________________

9 - Escreve seis hipónimos de:
a) automóvel: ____________________________________________
b) roupa _______________________________________________

10 - Discurso directo/indirecto

10.1 - Passa para o discurso indirecto:

Rei: Como já declarei ontem, não te valem os teus apelos, estás perdida pelo mal que fizeste a este reino.
Inês: Perdoa-me, ó rei benigno. Ontem amei, hoje amo e amanhã, viva ou morta, continuarei a amar aquele que será rei.

10.2 - Passa para o discurso directo:

A mãe de Joana dizia-lhe que não gostava que acompanhasse o avô, porque era perigoso andar de barco na barra, pois havia acidentes diariamente.
Joana respondia que era o seu divertimento preferido e que o avô cumpria todas as regras de segurança, por isso não se preocupasse.


10.3 - Identifica as formas verbais: gostava e acompanhasse

II - Interpretação/Comentário

Lê atentamente as estrofes de Os Lusíadas retiradas do canto III.

124
Traziam-na os horríficos algozes
Ante o Rei, já movido a piedade;
Mas o povo, com falsas e ferozes
Razões, à morte crua o persuade.
Ela, com tristes e piedosas vozes,
Saídas só da mágoa e saudade
Do seu Príncipe 1 e filhos, que deixava, 1 - Príncipe, D. Pedro
Que mais que a própria morte a magoava,

125
Pera o céu cristalino alevantando,
Com lágrimas, os olhos piedosos
(Os olhos, porque as mãos lhe estava atando
Um dos duros ministros rigorosos);
E depois nos mininos atentando,
Que tão queridos tinha e tão mimosos,
Cuja orfindade como mãe temia,
Pera o avô cruel assim dizia:

126
-«Se já nas brutas feras, cuja mente
Natura fez cruel de nascimento,
E nas aves agrestes, que somente
Nas rapinas aéreas têm o intento,
Com pequenas crianças viu a gente
Terem tão piadoso sentimento
Como com a mãe de Nino 2 já mostraram, 2 - Nino, Príncipe assírio
E cos irmãos 3 que Roma edificaram: 3 - Rómulo e Remo, fundadores de Roma

127
Ó tu, que tens de humano o gesto e o peito
(Se de humano é matar ua donzela,
Fraca e sem força, só por ter sujeito
O coração a quem soube vencê-la),
A estas criancinhas tem respeito,
Pois o não tens à morte escura dela;
Mova-te a piedade sua e minha,
Pois te não move a culpa que não tinha.

128
E se, vencendo a Maura resistência,
A morte sabes dar com fogo e ferro
Sabe também dar vida com clemência
A quem pera perdê-la não fez erro.
Mas, se to assim merece esta inocência,
Põe-me em perpétuo e mísero desterro,
Na Cítia fria ou lá na Líbia ardente,
Onde em lágrimas viva eternamente.

129
Põe-me onde se use toda a feridade,
Entre liões e tigres, e verei
Se neles achar posso a piedade
Que entre peitos humanos não achei.
Ali, co amor intrínseco e vontade
Naquele por quem mouro, criarei
Estas relíquias suas, que aqui viste,
Que refrigério 4 sejam da mãe triste.» 4 - refrigério - consolação, apoio
Camões, Lusíadas


1 - Redige um texto expositivo, bem estruturado em três parágrafos, com um mínimo de 70 e um máximo de 130 palavras, em que indiques:

- o episódio a que se referem as estrofes e a sua integração num dos planos narrativos de Os Lusíadas, identificando a personagem principal;

- o motivo da apresentação dessa personagem perante o rei, e o facto de parte do texto aparecer entre aspas, referindo ainda, pelo menos, três argumentos que essa personagem apresenta em sua defesa;

- por fim, identifica o narrador e apresenta a divisão deste excerto em partes lógicas, atribuindo um título a cada uma delas.

Bom trabalho
JM

ÍTACA

Quando partires de regresso a Ítaca,
deves orar por uma viagem longa,
plena de aventuras e de experiências.
Ciclopes, Lestregónios, e mais monstros,
um Poseidon irado – não os temas,
jamais encontrarás tais coisas no caminho,
se o teu pensar for puro, e se um sentir sublime
teu corpo toca e o espírito te habita.
Ciclopes, Lestregónios, e outros monstros,
Poseidon em fúria – nunca encontrarás,
se não é na tua alma que os transportes,
ou ela os não erguer perante ti.
Deves orar por uma viagem longa.
Que sejam muitas as manhãs de Verão,
quando, com que prazer, com que deleite,
entrares em portos jamais antes vistos!
Em colónias fenícias deverás deter-te
para comprar mercadorias raras:
coral e madrepérola, âmbar e marfim,
e perfumes subtis de toda a espécie:
compra desses perfumes quanto possas.
E vai ver as cidades do Egipto,
para aprenderes com os que sabem muito.
Terás sempre Ítaca no teu espírito,
que lá chegar é o teu destino último.
Mas não te apresses nunca na viagem.
É melhor que ela dure muitos anos,
que sejas velho já ao ancorar na ilha,
rico do que foi teu pelo caminho,
e sem esperar que Ítaca te dê riquezas.
Ítaca deu-te essa viagem esplêndida.
Sem Ítaca, não terias partido.
Mas Ítaca não tem mais nada para dar-te.
Por pobre que a descubras, Ítaca não te traiu.
Sábio como és agora, senhor de tanta experiência,
terás compreendido o sentido de Ítaca.

KONSTANDINOS KAVAFIS - poeta grego(1863-1933) - tradução de Jorge de Sena)