sábado, 19 de fevereiro de 2011

Quando de minhas mágoas a comprida

Quando de minhas mágoas a comprida
Maginação os olhos me adormece,
Em sonhos aquela alma me aparece
Que pera mim foi sonho nesta vida.

Lá numa saudade, onde estendida
A vista pelo campo desfalece,
Corro para ela; e ela então parece
Que mais de mim se alonga, compelida.

Brado: -- Não me fujais, sombra benina!
--Ela, os olhos em mim c'um brando pejo,
Como quem diz que já não pode ser,

Torna a fugir-me; e eu gritando: -- Dina...
Antes que diga: -- mene, acordo, e vejo
Que nem um breve engano posso ter.

Luís de Camões

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